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Alistamento militar feminino, o que você acha da ideia?


Por que as feministas não lutam pelo alistamento militar obrigatório?

Dentre as bobagens que muitos homens falam, esta é a que mais me irrita. Porque quem fala isso não está fazendo uma crítica consciente ao feminismo ou à luta – e sim, críticas construtivas e conscientes sempre são bem vindas. Está apenas causando polêmica para irritar as feministas, que já andam irritadas de tanto ter que repetir o óbvio. Já disse isso antes, ser feminista é trabalho de Sísifo. O pobre Sísifo passava o dia inteiro empurrando uma imensa pedra até o topo do morro. À noite, enquanto dormia, a pedra rolava para baixo. Taí o feminismo atualmente, a gente explicando mil coisas, a pedra do machismo rolando morro abaixo.

Antes de entrar no mérito da questão, temos que voltar um pouco até os anos 40. O Brasil vivia a Era Vargas e botava em ação as políticas eugenistas que pregavam que o corpo da mulher era frágil e que, por isso, era preciso resguardar a saúde reprodutiva. Isso criou a tal história de sexo frágil, que precisa ser protegido É desta época também a proibição do futebol feminino, que permaneceu assim até 1979.

O serviço militar obrigatório


A lei do alistamento militar obrigatório data de agosto de 1964, poucos meses depois do Golpe. A lei diz que os rapazes que completarem 18 anos devem se apresentar à uma junta militar e às mulheres isso é facultativo. Porém, em situação de guerra, ambos os sexos devem ser apresentar à uma junta. Assim diz o segundo artigo da lei:

Art 2º Todos os brasileiros são obrigados ao Serviço Militar, na forma da presente Lei e sua regulamentação.

§ 1º A obrigatoriedade do Serviço Militar dos brasileiros naturalizados ou por opção será definida na regulamentação da presente Lei.

§ 2º As mulheres ficam isentas do Serviço Militar em tempo de paz e, de acôrdo com suas aptidões, sujeitas aos encargos do interesse da mobilização.

À época em que esta lei foi promulgada, os militares estavam no poder. Então, mais do que óbvio, eles queriam engrossar suas fileiras, doutrinando jovens rapazes para alimentar o sistema. Acho que isso está bem claro. Para as mulheres isso ficou facultativo, pois era o sexo frágil. Imagine o horror de ver mulheres voltando em sacos pretos de uma guerra? (ironia mode on). No entanto, o Brasil precisou assinar uma lei que classifique a violência doméstica contra a mulher como um crime para que algo seja feito. Então, este serviço militar facultativo para as mulheres nada mais é do que uma amostra de sociedade machista que diz que mulher devia ser protegida e, como sexo frágil.


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